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 CMQ: Centro de Métodos Quantitativos | Centro de Métodos Quantitativos
Departamento de Ciências Florestais
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO |


LCF-130 Resolução de Problemas Florestais - 2009


Equipe 7:


Quem Somos?

Nome Email
Ana Cristina André ana.andre@usp.br
Antonio Padua Radaeli Neto antonio.padua.neto@usp.br
Caio de Oliveira Loconte caio.loconte@usp.br
Mateus de Oliveira Ismael mateus.ismael@usp.br
Paulo Henrique Marquezini Leite paulo.henrique.leite@usp.br

Parte 1: Desenvolvimento do Sub-Tema

Tendo em vista que o tema abordado é muito amplo, o grupo decidiu por dividir o trabalho em duas partes: 1) estudo sobre o assunto, buscando uma abordagem bem geral e diversificada; 2) análise de um fragmento do Campus e aplicação do conhecimento adquirido na primeira etapa.

Assim, inicia-se a primeira parte.

01. Introdução

Um fragmento florestal é uma floresta natural interrompida por barreiras antrópicas (como pastagens, estradas, reflorestamentos, povoados etc.) ou naturais, como montanhas, lagos ou outras formações vegetais. Essa interrupção perturba o equilíbrio dinâmico da área e propicia a redução do fluxo de animais e de propágulos (sementes, pólens e plântulas).

O fragmento não pode ser considerado uma amostra da comunidade original, pois possui certas características específicas que o distingue da mata natural pela qual se originou.

Atualmente, as principais causas da fragmentação são: a) a transformação da floresta em pastagens e/ou áreas agricultáveis, que destroem a regeneração natural; b) a vigilância inexistente ou ineficaz contra a caça e o roubo de madeira, sementes e outros produtos da floresta por terceiros e; c) a falta de medidas adequadas de proteção contra incêndios provocados por atividades humanas.

Os fragmentos remanescentes possuem fundamental papel ecológico na paisagem local e regional, caracterizando-se como potenciais fontes de propágulos, dispersores e polinizadores para o estabelecimento de faixas de vegetação. Estas faixas podem funcionar como corredores para movimentação de espécies da fauna e dispersão de sementes da flora, mantendo a diversidade biológica e o fluxo gênico das populações.

02. Conseqüências e problemas da fragmentação

A fragmentação de áreas florestais implica em sérias conseqüências à mata, tais como alterações no microclima, intensificação do efeito de borda, aumento dos riscos de erosão, assoreamento dos cursos d’água e perda da biodiversidade e diversidade genética.

Pode haver também danos para as espécies em particular ou para a comunidade de plantas, além de provocar a modificação ou mesmo a eliminação das relações existentes entre as espécies vegetais, os polinizadores e os dispersores (REIS & KAGEYAMA, 2003).

A diminuição de áreas naturais resulta no isolamento dos remanescentes florestais, o que implica no fim dessas inter-relações interespecíficas, como predador-presa, planta-polinizador, parasita-hospedeiro (GILBERT, 1980; TERBORGH & WINTER, 1980), resultando no aumento da possibilidade de extinções de espécies.

O restabelecimento das espécies extintas do local é cada vez mais difícil, na medida em que as reservas se tornam cada vez mais isoladas, e mais distantes umas das outras e do ambiente originário (JANZEN, 1986; FORMAN & GODRON, 1986).

Estão listados abaixo os três principais problemas da fragmentação:

• Efeito de borda:

O efeito de borda é definido, por FORMAN & GODRON (1986) como uma “alteração na composição e/ou abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento”; esse efeito depende do tamanho e da forma dos fragmentos florestais, da vizinhança e do grau de isolamento, sendo a forma circular a menos impactada. Como o efeito de borda pode atingir 100 metros mata adentro, remanescentes com menos de 100m de largura ou diâmetro requerem técnicas de conservação mais complexas.

As áreas mais externas da floresta são submetidas a condições mais severas, sendo elas luminosidade, velocidade do vento, umidade e temperatura, facilitando a propagação de espécies invasoras, como lianas, ou cipós, comprometendo assim o equilíbrio natural do ecossistema.

As conseqüências relacionadas ao efeito de borda podem ser categorizadas em três tipos: (1) abiótico, que envolve mudanças nas condições físicas nas proximidades de um habitat estruturalmente diferente ao redor da floresta. (2) biológico direto, que envolve mudanças na distribuição e abundância de espécies causadas pela alteração das condições físicas próximas a borda e (3) biológicas indiretas, que são um resultado das mudanças nas interações entre espécies nas proximidades da borda.

• Perda da biodiversidade:

A fragmentação de florestas naturais em vários ecossistemas tem sido o principal agente na redução e extinção da biodiversidade. Esse fenômeno amplamente distribuído em quase todos os sistemas florestais do mundo está associado à expansão de fronteiras de desenvolvimento humano, ausentes de planejamento, e principalmente pela agricultura, já que para suprir a demanda do mercado mundial se fez necessária a expansão de vastos campos cultiváveis.

A substituição da vegetação nativa por áreas de pasto, monoculturas e culturas de subsistência implica na perda contínua e irreversível da biodiversidade, seja diretamente pela extinção de espécies, ou pela perda da variabilidade genética das espécies ameaçadas de extinção, em função do grau de isolamento (geográfico ou genético) do fragmento.

• Custo:

Outro fator que dificulta a recuperação de fragmentos florestais é o custo requerido para tal. Desta forma, é importante a busca de meios para transformar a conservação de fragmentos florestais na forma de Reserva Legal em atividade que traga benefícios diretos e indiretos aos proprietários rurais, tornando-a desejável para estes.

O principal mecanismo usado atualmente para se atingir esse objetivo é a Agroecologia, que, se utilizando das relações entre as diferentes espécies, respeitando suas particularidades, atinge um nível de equilíbrio ecológico em que são oferecidos vários produtos, e a “extração” de riquezas se realiza de uma forma sustentável.

03. Soluções

Tendo em vista as conseqüências da fragmentação, o manejo dos fragmentos florestais visa manter a sua conservação o mais próximo possível do estado original. Para que o manejo seja eficiente é necessário conhecer a ecologia da paisagem, a estrutura e a dinâmica das populações que formam os fragmentos.

O estudo da ecologia da paisagem e a análise da estrutura da vegetação servem como base para que sejam adotadas medidas que visem a recomposição ambiental, principalmente das zonas de proteção de matas ciliares (APPs).

Embora existam muitas metodologias capazes de restaurar um fragmento vegetal devemos visar uma série de fatores para conseguirmos essa recuperação de maneira rápida e barata, principalmente as características biológicas da floresta (solo, disponibilidade de água, clima e sucessão biológica).

Ao analisarmos o ambiente a ser restaurado, temos que responder basicamente três perguntas: quais espécies plantar, quanto plantar e como efetivar esse plantio de modo a recobrir o solo em menor tempo, com menos perdas e menos custos.

Quando decididos os objetivos para o manejo e restauração dos fragmentos florestais várias atividades podem ser executadas, como:

1. Proteção da área: Isolamento da área e retirada dos fatores de degradação

2. Manejo da vegetação degradada: eliminação seletiva de competidores e enriquecimento do bioma com mudas e/ou sementes.

3. Manejo de fauna: introdução de animais silvestres

4. Aproveitamento econômico: enriquecimento com mudas de interesse econômico (ex: plantas frutíferas, resiníferas, madeiras de lei.).

São discutidas aqui as principais soluções propostas atualmente:

• Corredores Ecológicos:

Corredor ecológico ou corredor de biodiversidade é o nome dado à faixa de vegetação que liga grandes fragmentos florestais ou unidades de conservação separados pela atividade humana, proporcionando à fauna o livre trânsito entre as áreas protegidas e, conseqüentemente, a troca genética entre as espécies e preservação da biodiversidade.

• Nucleação

De acordo com YARRANTON & MORRISON (1974) a nucleação é definida como uma forma de sucessão em que a colonização de uma espécie pioneira em uma área sem vegetação provoca transformações no ambiente de forma a propiciar condições para uma primeira comunidade natural, ou seja, facilita a chegada de outras plantas, animais e microrganismos.

Utilizando o conceito de nucleação surgiram diferentes técnicas tal como a transposição de serapilheira (conjunto de materiais que recobre o solo das formações florestais incluindo folhas, frutos, sementes e outros componentes vegetais) (REIS, 2003), a instalação de poleiros (ALMEIDA, 2000), a coleta de “chuva-de-sementes” (ALMEIDA, 2003), a transposição de galharia (REIS, 2003) entre outros procedimentos.

Estas técnicas têm em comum o fato de, além de normalmente representarem um processo ecológico, serem procedimentos de baixo custo, pois utilizam materiais de fácil acesso e obtenção. Outro aspecto positivo a ser destacado é a possibilidade de aplicação dessas técnicas em pequenas áreas, tal como pequenas propriedades. É importante ressaltar que essas técnicas poderão ser empregadas de maneira conjunta dependendo do contexto. A vantagem dessa combinação é que diferentes métodos costumam trazer grupos de espécies distintos para a área, incorporando o processo de restauração.

• Proteção da borda do fragmento por eucaliptos:

Existem estudos sobre a colocação de uma faixa de eucaliptos ao entorno da borda do fragmento, formando um “escudo”, onde as exóticas absorveriam grande parte dos impactos externos e diminuiriam o vento que incide sobre o fragmento, dificultando a formação de lianas.

O uso de eucalipto como barreira se deve a três fatos: (1) é uma espécie sobre a qual se têm bastante conhecimento, logo é uma fonte segura de dados, em que os resultados dos estudos possam ser interpretados com maior facilidade; (2) é uma espécie de rápido crescimento, tendo em vista que essa técnica ainda está em etapa de pesquisa e (3) o manejo desse eucalipto na borda do fragmento pode futuramente gerar renda – logo, é uma tentativa de conciliar preservação e lucro.

Apesar das evidências e aspectos positivos, este processo de plantio de eucaliptos para proteção das bordas de fragmentos florestais não está totalmente comprovado, há somente experiências a respeito dessa teoria.

• Interação planta-animal

Animais são os principais agentes transportadores durante as duas fases em que ocorre a dispersão de unidades reprodutivas no ciclo reprodutivo das plantas superiores: a polinização das flores e a dispersão das sementes (JORDANO, 1987). A grande maioria das espécies de árvores nas florestas tropicais é dispersa por animais, e em outros ambientes a porção também é relativamente alta.

Aves e morcegos são freqüentadores habituais de clareiras e outros espaços abertos no interior das florestas, para onde transportam diariamente centenas de sementes que serão incorporadas ao banco de sementes do solo ou germinarão prontamente sob condições mais intensas de luminosidade.

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Assim, considerando o contexto de uma área degradada, pode-se atingir um nível de regeneração natural utilizando-se dos processos ecológicos citados acima.

Técnicas de aceleração de restauração/regeneração:

a) Fontes próximas de sementes (quanto mais próxima uma área a ser recuperada estiver de uma área com vegetação nativa, mais rápida e intensa deve ser a chegada das sementes trazidas pelos dispersores).

b) Plantio programado de mudas (ainda continua sendo a técnica mais tradicional empregada para se recompor o perfil estrutural e florístico das áreas a serem restauradas, sendo com pioneiras, pioneiras mais secundárias, ou mesmo com uma mistura de pioneiras, secundárias e climácicas) (SILVA, 2003).

c) Introdução de poleiros artificiais (dada à tendência de aves defecarem principalmente quando pousadas em poleiros, é de se esperar que a presença destes numa área em processo de regeneração acelere a deposição local de sementes).

04. Alternativa para evitar a fragmentação

• Uso múltiplo da floresta

As florestas são de muita importância para populações que a utilizam para ganhar seu sustento. O uso múltiplo visa garantir a sustentabilidade – então, é importante que essa estratégia seja rentável e busque manter as populações em seus locais de origem, propiciando trabalho e uma vida digna para estas, além da preservação do ecossistema. Como exemplos de usos auto-sustentáveis podem ser citados os casos relatados por GENTRY (1994). Segundo o autor, na Amazônia peruana obtêm-se cerca de U$ 700,00 ha ano-1 através da extração de frutos tropicais e de seiva para fabricação da borracha; e comunidades extrativistas na Amazônia têm uma renda anual de mais de U$ 2.700,00 ano-1 com a extração do açaí, cacau e borracha.

Para que o uso múltiplo torne-se viável e que seja aceitável, é necessário o manejo do fragmento. Esse manejo pode ser definido pela produção de alguns bens e serviços de forma sustentável ao longo do tempo. No entanto o manejo florestal sustentável não pode ser baseado apenas na adoção de critérios adequados técnicos de silvicultura, mas depende também dos fatores externos como o mercado, as políticas e os objetivos das pessoas envolvidas (LOUMAN; CAMINO, 2004). Para que haja um manejo florestal sustentável não devem se extrair recursos além daqueles que a floresta pode produzir. Faz-se necessário que os rendimentos da produção da unidade de manejo sejam em parte reinvestidos em tratos silviculturais, adensamento e/ou enriquecimento ou ações de recuperação em outras áreas da floresta (REYES, 2006).

05. Bibliografia

RODRIGUES, R.R.; MARTINS, S.V.; NAPPO, M.E. Recuperação de fragmentos florestais degradados. Ação Ambiental, Viçosa, n.10, p.21-23, fev/mar. 2000.

RODRIGUES, R.R.; GANDOLFI, S. Restauração de florestas tropicais: subsídios para uma definição metodológica e indicadores de avaliação e monitoramento. In: _.

KAGEYAMA, P. Y.; ENGEL, V. L.; GANDARA, F. B. Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais, Botucatu: FEPAF, 2003. 340 p.

Disponível em: <http://pt.shvoong.com>. Acesso em: 09 abr. 2010.

Disponível em: <http://www.if.ufrrj.br/revista/pdf/Vol5%20160A170.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2010.

Disponível em: <http://pt.shvoong.com>. Acesso em: 11 de abr. 2010.

Disponível em: <http://www.biodiversidade.rs.gov.br/arquivos/1161520168Reserva_florestal_legal_no_Parana_alternativas_de_recuperacao_e_utilizacao_sustentavel.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2010.

Disponível em: < http://www.unicentro.br>. Acesso em: 16 abr. 2010.

Disponível em: < http://www.ambientebrasil.com.br> Acesso em: 16 abr. 2010.

Disponível em: < http://biblioteca.universia.net>. Acesso em 23 abr. 2010.

Disponível em: <http://www.cnpf.embrapa.br/publica/pfb-revista-antiga/pfb_55/PFB_55_p_75-85.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2010.

Trabalho 2: Relatório Final - Problema e Resolução