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LCF-130 Resolução de Problemas Florestais - 2009


Equipe 9: Conversão de florestas plantadas não manejadas em fragmentos florestais naturais


Quem Somos?

Nome Email
Jéssica Bispo do Carmo jessica.carmo@usp.br
Henrique Sverzut Freire de Andrade henrique.sverzut.andrade@usp.br
Pedro Henrique Martins Alves Pinto pedro.henrique.pinto@usp.br
Rafael Aparecido Rodrigues Junior rafael.aparecido.rodrigues@usp.br

* Orientador: Eng. João Carlos T. Mendes (Estações Experimentais - Depto. de Ciências Florestais - ESALQ-USP)

Parte 1: Desenvolvimento do Sub-Tema

Introdução

Diversos estudos vêm avaliando a interação entre diferentes espécies florestais em um mesmo território. E se faz notar em alguns plantios com espécies exóticas, significativo desenvolvimento do sub-bosque que indica um favorável processo de sucessão de floresta plantada não manejada em floresta nativa.

Essa evidência do processo de sucessão leva ao questionamento de como manejar essas áreas, a fim de atender aspectos econômicos e ambientais, obtendo aproveitamento dos recursos florestais madeireiros das espécies exóticas, com o mínimo impacto possível do sub-bosque e na regeneração das espécies nativas. Essa situação de regeneração é favorável à manutenção da biodiversidade local, controle de pragas, conservação, do solo, e proteção da fauna.

O objetivo principal desse trabalho, de acordo com o sub-tema: Conversão de floresta plantada em fragmentos florestais naturais, é avaliar o potencial econômico e ambiental desta conversão aproveitando-se os recursos madeireiros do plantio homogêneo e o sub-bosque de espécies nativas.

Caracterização da Área

Observado numa área do Departamento de Ciências Florestais, conhecida como Monte Olimpo. A área de interesse deste trabalho localiza-se no entorno da represa local (Figura 8), que já foi utilizada para o abastecimento da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ).

De uma forma em geral, por muito tempo, a área foi utilizada para fins agropecuários e florestais, como parte do aproveitamento acadêmico e científico na ESALQ. Como resultado, houve uma grande intervenção antrópica que acarretou na substituição de áreas com vegetação nativa em pastagens e talhões florestais homogêneos. Atualmente, as áreas cobertas com vegetação natural representa uma pequena fração do uso total do solo. Devido a esses fatores, a área apresenta poucos fragmentos de mata nativa, sendo possível observar vestígios dessa interação com o homem. Esse local era utilizado para fins agropecuários e florestais, quando se tratava de uma propriedade para atingir objetivos econômicos e objetivos relacionados à pesquisa e aprendizado dos alunos da escola.

No passado, as Áreas de Preservação Permanente, APP, também foram plantadas com vegetação exótica, principalmente, espécies de Pinus e Eucalyptus. Atualmente, o LCF vem realizando um trabalho de adequação destas áreas com vegetação nativa. Nos últimos 2 anos, uma faixa de 30 metros ao redor da represa foi revegetada com espécies arbóreas nativas.

O local agora em questão foi em outrora utilizada para a produção agrícola, o que justifica a presença de gramíneas no sub-bosque, que predominam no local de discussão do problema. As florestas plantadas são compostas por talhões de varias espécies, tais como eucalipto (E. urophylla,), Pinus (P. caribeae hond., P. caribeae car., P. kasyia, P. oocarpa) e capoeira, composta de espécies exóticas e nativas sem manejo.

Os talhões com espécies exóticas foram plantados a pelo menos 20 anos. Devido à falta de manejo silvicultural, ao longo destes anos houve um desenvolvimento significativo do sub-bosque. Recentemente, houve um desbaste geral destes talhões, o que também contribuiu para a regeneração e o desenvolvimento de várias espécies arbóreas, herbáceas e gramíneas.

Por conseqüência da idade das tais árvores exóticas plantadas, foi necessária uma operação de desbaste para a retirada de indivíduos que estavam na área de segurança do aeroporto, danificados, e as arvores exóticas então situadas nas APPs, para que fosse realizado o reflorestamento nativo.

O desbaste das florestas plantadas e o reflorestamento nativo nas APPs foram realizados há dois anos. E o desbaste contribui para o crescimento mais acentuado do sub-bosque, o qual além de espécies nativas, observa-se no sub-bosque o desenvolvimento indesejável de espécies exóticas, como: o Ipê-de-jardim (Tecoma stans), mamona (Ricinus communis), além das gramíneas já citadas e outras daninhas.

Revisão Bibliográfica

CALEGÄRIO (1993) constatou num levantamento fitossociológico em povoamentos de eucalipto, que eram compostas originalmente por floresta nativa (Floresta Estacional Semidecidual), que após o abandono da área ocorreu o abandono do eucalipto, ocorreu redução da densidade inicial de plantio devido à pragas, ventos e competição com indivíduos das espécies nativas. Por ocasião da amostragem, os indivíduos e as espécies florestais nativas predominavam sobre os indivíduos e eucalipto.

Diferentemente das florestas naturais, as plantações florestais são ecossistemas planejados com o intuito de produzir grandes quantidades de biomassa, visando suprir às demandas da sociedade, (Poggiani 2006).

A silvicultura brasileira coloca o país entre as 10 primeiras colocações do ranking mundial dos países com florestas plantadas, (FAO, 2005).

Ainda assim, as projeções do mercado florestal brasileiro que foram apresentadas pela Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF) em 2007, demonstram um crescimento continuo do consumo de madeira. Por exemplo nos últimos 10 anos, o consumo de madeira em tora pra fins indústrias proveniente das floresta plantadas aumentou 136%. Isto retrata um mercado crescente de madeira, o que estimula o aproveitamento de povoamentos de Eucalyptus.(Mendes 2009).

Sartori, (2002) diz que a presença de eucalipto não dificulta a propagação e o crescimento de espécies nativas no sub-bosque do povoamento florestal.

Quando ocorre a regeneração de espécies nativas em uma floresta plantada, tais florestas podem ser usadas como catalisadoras de regeneração de espécies nativas em áreas degradadas, (Parrotta1997).

No processo de revegetação deve-se envolver espécies arbóreas de diferentes grupos da sucessão para aumentar as chances de sucesso do projeto de restauração de área degradada. Fazem parte destes grupos: pioneiras ou sombreadoras – são importantes para que as espécies dos estágios finais (não pioneiras ou sombreadas) tenham condições adequadas para seu desenvolvimento (Macedo, 1993).

No que diz respeito aos processos de restauração da vegetação natural, Crestana (1993) fez a seguinte descrição:

Regeneração natural: é o método aplicado em locais pouco perturbados, que mantém suas características bióticas básicas, tanto de flora como de fauna.

Adensamento: acréscimo de mudas de espécies secundárias e tardias em locais onde foram feitas explorações seletivas, eliminando certas espécies de valor comercial, mas também de grande importância na preservação.

Implantação de reflorestamento em áreas degradadas: Aplicado em áreas de exploração agrícola, geralmente distantes de fragmentos de matas nativas.

As clareiras naturais fazem parte do processo de restabelecimento da regeneração das espécies nativas em florestas tropicais e contribuem para a diversidade florística das mesmas (Brokaw,1982; Denslow & Hartshorn, 1994; Tabarelli, 1994).

Por meio desta regeneração natural, as florestas apresentam capacidade de se regenerarem de distúrbios naturais ou antrópicos,(Martins, 2007).

Como cita Sousa Júnior (2005), a reposição natural das espécies e o surgimento de outras, que garantem o equilíbrio e a perpetuação dos ecossistemas. Deste modo o sub-bosque de povoamentos homogêneos até então visto como grande entrave por prejudicar o desenvolvimento das espécies de interesse econômico, aumentar o risco de incêndios, dificultar as operações de manejo, combate às formigas e exploração, começa a ser valorizado em seu aspecto de biodiversidade, concorrendo para a estabilidade ambiental (FAO, 1987; LIMA, 1993).

A colheita florestal realizada e executada de acordo com critérios técnicos, dentro dos princípios do manejo florestal sustentável, pode minimizar os danos às árvores remanescentes e garantir a sustentabilidade da floresta. (Alberto Carlos Martins Pinto, Agostinho Lopes de Souza, Amaury Paulo de Souza, Carlos Cardoso Machado, Luciano José Minette e Antonio Bartolomeu do Vale, 2002)

Com isto se tornam necessárias novas técnicas de manejo visando acelerar o processo de sucessão e de restauração do sub bosque. Para atender o mercado florestal brasileiro é preciso avaliar como promover o aproveitamento dos recursos da florestais (Ambiente Brasil, 2001).

Como conclusão geral, pode-se dizer que as condições ambientais estabelecidas no sub-bosque de reflorestamentos de eucalipto, não correspondem por si só em impedimento à regeneração das espécies florestais nativas.

Parece portanto legítimo, se pensar em sistemas silviculturais que valorizem o aspecto conservacionista dos reflorestamentos com eucalipto, principalmente nos povoamentos implantados em áreas de reserva legal. A evolução destes sistemas pela condução de povoamentos auxiliares, baseados na regeneração natural de espécies florestais nativas e em plantios de enriquecimento, poderia assumir importante papel na recuperação da cobertura florestal. (Mauro Lobo de Rezende, Antônio Bartolomeu do Vale, Agostinho Lopes de Souza Maria das Graças Ferreira Reis, Alexandre Francisco da Silva, Júlio César Lima Neves)

Resumo

Na área da micro bacia do Monte Olimpo foi detectado o seguinte problema: existem talhões de espécies exóticas plantadas com elevados potenciais madeireiro e de contribuição ambiental. A partir deste contexto, o Departamento de Ciências Florestais precisa estabelecer um plano de manejo contemplando o aproveitamento das árvores exóticas em concomitância com a conservação ambiental. Isto representa ao LCF uma grande oportunidade científica e acadêmica, que pode gerar informações significativas para diferentes grupos da sociedade: proprietários rurais, órgãos ambientais e fiscalizadores, entre outros.

Anexos


FIGURA 1


FIGURA 2


FIGURA 3


FIGURA 4


FIGURA 5


FIGURA 6


FIGURA 7


FIGURA 8


Fontes

MACEDO, A.C. Revegeteção: Matas Ciliares e de Proteção Ambiental. São Paulo: Fundação Florestal, 1993.

CRESTANA,M.S.M.; FERRETTI,A.R.; TOLEDO FILHO,D.V.; ÁRBOCZ,G.F.; SCHMIDT,H.A.P.; GUARDIA,J.F.C.; AHMAD,I.T.; BELTRÃO,R.I.R. Florestas: sistemas de recuperação com essências nativas, produção de mudas e legislação. Campinas: CATI, 2004.

PINTO,A.C.M.; SOUZA,A.L.; SOUZA,A.P.; MACHADO,C.C.; MINETTE,L.J.;VALE,A.B. Análise de danos de colheita de madeira em floresta tropical úmida sob regime de manejo florestal sustentado na Amazônia Ocidental. R. Árvore, Viçosa-MG, 2002.

REZENDE,M.L.; VALE,A.B.; SOUZA,A.L.; REIS,M.G.F.; SILVA,A.F.; NEVES,J.C.L. REGENERÇÃO NATURAL DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS EM SUB-BOSQUE DE Eucalyptus grandis E EM MATA SECUNDÁRIA NO MUNICÍPIO DE VIÇOSA, ZONA DA MATA - MINAS GERAIS, BRASIL ARMELIN,R.S.; MANTOVANI,W. Definições de clareira natural e suas implicações no estudo da dinâmica sucessional em florestas. 2001.

SARTORI,M.S. Variação da regeneração natural da begetação arbórea no sub-bosque de Eucalyptus saligna SMITH Manejado por talhadia, localizado no município de Itatinga, SP. 2001.

CARNEIRO,P.H.M. Caracterização florística, estrutural e da dinâmica da regeneração de espécies nativas em um povoamento comercial de Eucalyptus grandis em Itatinga, SP. 2002.

Trabalho 2: Relatório Final - Problema e Resolução

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