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 CMQ: Centro de Métodos Quantitativos | Centro de Métodos Quantitativos
Departamento de Ciências Florestais
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO |


LCF-130 Resolução de Problemas Florestais - 2009


Equipe 4:


Quem Somos?

  • Equipe 4: Influência da cultura, economia e produção no ambiente e sociedade ao longo do tempo.
  • Questão: Verificar as influências da sociedade com a cultura e a economia na degradação/preservação do meio ambiente.
  • Orientador: Ciro Abbud Righi (carighi@yahoo.com)
  • Composição da Equipe:
Nome Email
Carla Riovane Chiles carla.chiles@usp.br
Eduardo Resende Girardi Marques eduardo.marques@usp.br
Raphael Cardoso de Assis Bueno Raphael.bueno@usp.br
Veridiana Maria Sayão veridiana.sayao@usp.br
Wellington Cesar Cunha Cardoso wellington.cardoso@usp.br

Trabalho 1: Desenvolvimento do Sub-Tema

I. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo identificar e abordar as diversas influências da ação antrópica no ambiente, assim como seus processos resultantes, salientando o modo como a cultura de um povo pode influir no sistema de uso da terra (produção e economia).

II. Introdução

O Brasil desde o seu primórdio sofreu várias transformações culturais, econômicas e sociais. A sociedade e a economia do país sempre viveram entrelaçadas, e se sustentaram nos pilares da agricultura de exportação, sistema de produção que sobrevive até hoje. Já a cultura do país é formada nas bases dos três povos que aqui residiram: os índios, os portugueses e os negros. A união das três etnias que aqui estavam deu origem a uma cultura múltipla, com a presença de elementos constituintes das culturas luso-européia, indígena e africana. Os portugueses se sobressaíram sobres os demais grupos, impondo o seu sistema de comando baseado na cultura de seu país, fomentada na degradação do ambiente para produção de gêneros agrícolas voltados à exportação. Com isso o Brasil, desde a sua colonização, viveu em função da retirada da floresta e implantação de produtos agrícolas baseado no plantation, monocultura de gênero agrícola destinada à exportação.

Em Piracicaba não foi diferente. As matas foram devastadas para a exportação de seus recursos e as terras remanescentes ocupadas com cana de açúcar. A ocupação de Piracicaba se deu às margens do rio que lhe deu o nome, significando lugar onde o peixe pára. A cidade desde os primórdios foi utilizada como local para escoamento de produtos ao exterior.

A cana de açúcar foi o principal produto de exportação de Piracicaba, tendo no município grandes engenhos e muitos escravos. A cidade foi considerada uma das maiores produtoras de cana do país. A economia do local era baseada na exportação de cana para produção de açúcar, produto requisitado em grande escala na Europa em torno de 1700. Viviam aqui muitos senhores de engenho com suas grandes fazendas e seus milhares de escravos. Utilizando a monocultura de cana, as áreas florestais da cidade ficaram muito escassas, sendo hoje restritas em certos pontos de Piracicaba.

Uma dessas fazendas de cana deu origem à ESALQ, a Fazenda São João da Montanha, comprada por Luiz de Queiroz e posteriormente empregada a tão idealizada escola agrícola. A fazenda, assim como Piracicaba, sofreu com os impactos da monocultura da cana. Em relação às matas, restaram somente fragmentos florestais, porções de florestas isentas da devastação agrícola da época, porém com problemas de isolamento, pequeno fluxo gênico e efeitos de borda. A sustentabilidade dessas áreas fica cada vez mais difícil de se manter com a expansão da produção de cana.

III. Desenvolvimento

A demanda de mercado define a política econômica do país, e para o seu abastecimento, a população sofre uma descaracterização de sua cultura regional. Por isso podemos afirmar que a economia e a cultura estão de certos modos relacionadas, exemplificando, é possível citar a história do município de Piracicaba, o qual teve sua origem ligada à produção de cana de açúcar, onde no passado o produto era produzido em um sistema de plantation, enquanto nos dias atuais essa monocultura, que continua sendo predominante, é destinada a produção de etanol.

Desde a sua descoberta pelos portugueses, o Brasil foi um país cuja base econômica esteve diretamente vinculada à exportação de produtos primários. Contudo, mesmo com a incorporação e fusão de diferentes povos, a base da nossa economia, mesmo nos dias de hoje, continua sendo a mesma. Entretanto devido aos impactos ambientais proporcionados pelo uso muitas vezes inadequado da terra, vários assuntos polêmicos são abordados para o desenvolvimento do país, entre eles está a expansão das fronteiras agrícolas em uma das maiores reservas de floresta nativa do mundo, a Amazônia. No entanto, para promover o desenvolvimento econômico, é necessário fornecer algo que geralmente esteve ausente no Brasil: uma melhor estrutura nas áreas da educação, saúde e emprego.

Interações ecológicas são essenciais para o equilíbrio do ecossistema, e são elas que mantêm a continuidade da vida. O homem não é um ser independente, está totalmente ligado ao meio em que vive e aos seres vivos com os quais interage. Qualquer iniciativa que vise modificar o meio, desde a criação de gado, uma plantação de cana, ou até a construção de uma cidade, indubitavelmente afetará a dinâmica ambiental e o equilíbrio do ecossistema se romperá. Como o homem é integrante desse ecossistema, consequentemente sofrerá com essas mudanças do meio, comprovando que o ambiente reflete as mudanças sofridas.

III. I. Povo

O Brasil foi regido primeiro como uma feitoria escravista, exoticamente tropical, habitada por índios nativos e negros importados. Depois, como um consulado, em que um povo sub - lusitano, mestiçado de sangues afros e índios, vivia o destino de um proletariado externo dentro de uma possessão estrangeira. Os interesses e as aspirações de seu povo jamais foram levados em conta, porque só se tinha atenção e zelo no atendimento dos requisitos de prosperidade da feitoria exportadora. (RIBEIRO, 1995).

A formação da sociedade brasileira foi um processo longo e difuso. O ambiente encontrado inicialmente na porção da América que viria a tornar-se o Brasil pelos portugueses foi descaracterizado de tal forma que sua própria composição e condição, de florestas tropicais ricas em recursos e habitadas por seres estranhos ao europeu, foram alteradas drasticamente, extinguindo povos nativos e suas culturas, modificando o ambiente primordial. A integração e incorporação de povos diversos ao Brasil resultaram num povo altamente diversificado, em uma sociedade com histórico sofrido, devido à escravização dos nativos e exploração de suas matas.

O primeiro recurso florestal de alto valor agregado explorado pelos portugueses nas terras brasileiras foi o pau-brasil, árvore de cuja madeira se extraía uma tinta vermelha. Lodo depois, quando escravos africanos foram trazidos às terras brasileiras, grandes engenhos para produção de cana-de-açúcar foram construídos, seguindo uma linha de produção exclusivamente voltada à exportação. O desenvolvimento da colônia portuguesa delineava-se de acordo com os interesses de Portugal, e diversos planos foram elaborados para povoar a região. A fusão de índios, escravos africanos e portugueses deu origem ao povo brasileiro, num efetivo processo de aculturação, na denominação de uma nação carente de identidade.

Cada região do Brasil teve um uso de suas terras diferenciado, delineando características próprias à sua geografia e a seu povo. A pecuária brasileira desenvolveu-se inicialmente na região sul do país, uma área cultural complexa e singular. A atual região nordeste foi a primeira a ser intensamente explorada para grandes plantações de cana-de-açúcar, com forte presença de escravos africanos. Grande parte da cultura nordestina deve-se à rica diversidade cultural dos povos africanos.

Os processos envolvidos no uso da terra atualmente, assim como os modelos econômicos seguidos por países como o Brasil, que são fortemente subordinados a países desenvolvidos, têm seus produtos agrícolas ainda voltados ao mercado externo. A cultura predominante aqui, subordinada à cultura do europeu e à do norte-americano, é fortemente marcada por desigualdades, porém ainda destaca-se pela enorme diversidade em aspectos culturais e étnicos.

III. II. Uso da terra

De forma geral, o uso da terra no Brasil está diretamente marcado pelo sistema da monocultura, o qual proporcionou o processo desenfreado do desmatamento para a expansão das fronteiras agrícolas.

A história de Piracicaba está ligada ao plantation da cana-de-açúcar, que resultou em sérios problemas sócio-ambientais. A fazenda São João da Montanha, antes de ser doada ao governo, teve suas terras utilizadas para diversos fins, como a exploração de pedras, a prática da agricultura e a extração da madeira. Ao tornar-se escola de agricultura, verificou-se que ao longo dos anos diversos problemas ambientais foram surgindo, como a fragmentação da mata nativa e a degradação do solo.

III. III. Fragmentação

A fragmentação das fronteiras agropecuárias e urbana na região sudeste do Brasil teve como uma de suas características o desmatamento indiscriminado , que alterou significadamente a paisagem original, fragmentando-a e restringindo-a a manchas ou fragmentos das florestas nativas (AMARAL, 1993).

A fragmentação florestal acarreta diversos problemas, tais como:

• Restrição do fluxo gênico e fluxo de pólen;

• Infestação de plantas daninhas;

• Rompimento de relações interespecíficas;

• Isolamento de populações;

• Extinção de espécies;

• Efeito de borda.

O efeito de borda é a alteração na composição e/ou abundância relativa de espécies nas regiões limítrofes de um fragmento.

Os processos biológicos relativos à fragmentação iniciam-se na borda do fragmento, tais como a luminosidade, a velocidade do vento, a alteração da umidade e da temperatura e o maior risco de erosão do solo.

IV. Conclusão

O ambiente brasileiro vem sendo modificado de tal forma que os meios de produção agrícola são vinculados ao desmatamento, uma cultura predominante desde os primórdios da época da colonização. Não houve uma preocupação em conciliar o modelo econômico com a preservação do ambiente. Priorizou-se o lucro em detrimento dos recursos naturais.

Conforme as fronteiras agrícolas, econômicas e políticas avançaram ocorreu um processo de fragmentação das florestas, descaracterizando o ambiente e a sociedade. O homem e o meio sofrem alterações recíprocas.

V. Referências de Pesquisa

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: A formação e sentido do Brasil. 2. ed. Paraná: Companhia das Letras, 1995. 476 p.

VENDRAMIM, José Djair. O Centenário da ESALQ (1901-2001). Piracicaba, 2001

PERECIN, Marly Therezinha Germano. Os passos do saber a escola agrícola prática “Luiz de Queiróz” ( o esforço para implantar o ensino técnico de segundo grau na agricultura, 1891 – 1911) 550p. Tese(Doutorado em História)-Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas,USP, São Paulo 2002, 2º V mais anexos.

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1972.

IBGE: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Banco de dados, perfil dos municípios brasileiros. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 19 abr 2010.

CANASAT, Mapeamento de cana via imagens de satélite de observação da Terra. Tabelas. Disponível em: <http://150.163.3.3/canasat/tabelas.php>. Acesso em: 19 abr 2010.

AMARAL, W. A. N. Efeito da Fragmentação da Paisagem na Biodiversidade de Ecossistemas Florestais. UNESP – Botucatu, SP, 1993.

Trabalho 2: Relatório Final - Problema e Resolução

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