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![]() | Centro de Métodos Quantitativos Departamento de Ciências Florestais Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO |
LCF-130 Resolução de Problemas Florestais - 2009
Equipe 2: Intervenção para Regeneração e Manutenção
Quem Somos?
Equipe 2: Intervenção para Regeneração e Manutenção
- Questão: Os fragmentos de APP/RL são ecologicamente sustentáveis?
Nome | |
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Gabriela Goncalves Moreira | gabriela.goncalves.moreira@usp.br |
Helio Sato | helio.sato@usp.br |
Eduardo Watanabe Ribeiro | eduardo.watanabe.ribeiro@usp.br |
Lais Akimi Ito Haneda | lais.haneda@usp.br |
Lídia Kiyomi Nakamura | li_kii@hotmail.com |
- Orientador: Prof. Esdson Vidal - edvidal@esalq.usp.br
Trabalho 1: Desenvolvimento do Sub-Tema
Resumo
Manter ecologicamente sustentáveis os fragmentos de mata no Campus “Luis de Queiroz” tem sido um grande desafio. A dinâmica desses fragmentos é afetada por diversos impactos exercidos sobre eles, em especial pelo chamado efeito de borda, o qual altera a paisagem e biodiversidade naturais. A análise desses fatores e suas conseqüências é fundamental para se encontrar a melhor estratégia de regeneração da mata.
A necessidade de uma intervenção consciente a fim de se recuperar a área visitada fica evidente a partir do momento em que se tem conhecimento sobre o que seriam elementos invasores e suas aparições tornam-se quase que constantes na área de fragmento visitada.
A escolha da melhor alternativa para tentar recuperar a área degradada depende de estudos e experimentos com soluções propostas, tal como a criação de corredores de floresta entre fragmentos. A intervenção deve visar a sustentabilidade e conservação da biodiversidade natural do fragmento. Lembrando que fragmento florestal é uma pequena área de vegetaçao nativa que foi isolada por ações antrópicas e/ou naturais.
Introdução:
A questão da recuperação de áreas verdes tem ganhado uma relevância cada vez maior na medida em que o processo da pressão antrópica aumenta sobre a fauna e a flora. Tal problemática pode ser constatada no momento em que se observam o desmatamento das florestas para a retirada de madeira, ou mesmo, para ser utilizada na formação de novas fronteiras agrícolas, sendo as mais comuns a da cultura da soja e a pecuária. Especificamente no estado de São Paulo tem- se observado uma presença crescente da cultura da cana- de- açúcar, que com o processo das queimadas sistêmicas diminuem a área de matas como as ciliares degradando as nascentes de rios, provocando um enorme desequilíbrio ecológico.
No Brasil, já existe legislação específica que determina a manutenção de áreas florestais em uma propriedade rural proporcional a sua área. Entretanto devido a falta de fiscalização e punição dos infratores a grande maioria descumpre a lei. Com a tentativa de mudar esta realidade, tem ocorrido por iniciativa de algumas entidades e profissionais qualificados, a implementação de projetos de restauração e recuperação de áreas degradadas constituídas principalmente de fragmentos florestais.
A pequena extensão dos fragmentos acarretam diversos problemas, as áreas cultivadas e urbanizadas exercem um grande impacto nestes, sendo um dos principais o efeito de borda, que consiste na deterioração das regiões limítrofes dos fragmentos, que se revela por meio de infestação de espécies de vegetais daninhos como o capim e o cipó destacadamente. Essas espécies acabam por competir com as espécies arbóreas cultivadas na área provocando o seu enfraquecimento e muitas vezes impedindo o seu desenvolvimento. Pode ser observada o tal efeito por meio das regiões de clareiras existentes na borda da mata.
Materiais e métodos:
Foi estudado o fragmento florestal Mata da Pedreira situado em Piracicaba na ESALQ/USP, trata-se de uma floresta estacional semidecidual . Tal estudo foi realizado com a coordenação do docente Edson Vidal em uma visita ao fragmento para coleta de dados, durante a visita foram utilizados macacões para proteção contra picadas de carrapatos e demais insetos.
Foram fotografados trechos degradados por espécies invasoras no fragmento. Juntamente com fotos realizadas pelo grupo foi utilizada uma imagem por satélite da área total da Mata da Pedreira.
A coleta de dados consistiu em observar desde o início da mata até 200 metros de seu interior, onde foram observados impactos no fragmento por ações antrópicas.
Avaliação:
O Efeito de borda é um fator muito importante que foi constatado no fragmento florestal da ESALQ, a “mata da pedreira” (ver figura 1 abaixo), o efeito de borda é definido como “o aumento da variedade e densidade das populações de algumas espécies na zona do ecótono (interface entre duas comunidades ou ecossistemas), em comparação com o que ocorre na zona central do ecossistema ou comunidade a que elas pertencem originalmente”(SILVA, 2004). Pelo que podemos observar no fragmento, o capim, o cipó e outras espécies de plantas estavam ocupando o espaço original das árvores nativas formando clareiras de espécies invasoras, ( ver figura 2, 3 e 4 abaixo) e percebemos que o efeito deforma a estrutura original da floresta, minimizando seu espaço, conseqüentemente diminuindo a fauna que ali ajudava na propagação de sementes e biodiversidade.
Esse efeito pode até acabar com o fragmento florestal totalmente, dependendo de sua forma e tamanho. Podemos afirmar que quanto menor a relação de altura e largura, ou se for de forma arredondada ele é menos suscetível ao efeito de borda, quando ele é alongado ou seja, maior a relação altura e largura ele é mais suscetível a deterioração do efeito de borda. Fica fácil perceber que um fragmento mais comprido, com mais contato com a parte aberta de campo, área urbana, plantações ou pasto será mais degradado pelo efeito. Percebemos no fragmento analisado que apenas uma pequena parte bem ao centro está bem conservada e mais parecida como uma floresta natural.
Em fragmentos isolados de floresta, fica difícil de dizer que podem ser ecologicamente sustentáveis, vemos poucos animais e polinizadores e, por serem pequenas áreas é difícil existir variedade de espécies, às vezes pelo tamanho pode existir apenas uma árvore de tal espécie, o que dificulta a sustentabilidade e propagação dela, isso pode acontecer com várias espécies do fragmento conseqüentemente, um dia esse fragmento poderá perder suas árvores e ficar sem árvores repositórias. A partir disso podemos sugerir, para uma circulação maior de animais dispersores e polinizadores que garantem a biodiversidade, a criação de corredores de floresta nativa para tentar manter a sustentabilidade e diversidade de espécies do fragmento.
Resolução:
Como foi constatado os fragmentos não são sustentáveis devido a problemas como efeito de borda, invasão de outros tipos de vegetação, degradação da mata nativa, entre outros fatores. Desse modo foram desenvolvidas possíveis soluções para manter os fragmentos.
Entre essas soluções está a retirada do cipó já que ele não é nativo da floresta estacional semidecidual (floresta que estudamos) e pode ocasionar a morte de árvores nativas. Existe também a possibilidade de se criar “corredores de biodiversidade” que interligariam fragmentos fazendo assim o fluxo de biodiversidade. A produção de mudas e disseminação de sementes nativas no fragmento para recuperar o seu núcleo e diminuir o efeito de borda representam outra possibilidade.
É necessário destacar que todas as soluções propostas possuem seus pontos negativos e por isso estão em teste para saber se garantem a sustentabilidade e recuperação do fragmento florestal.
figura 1
figura 2
figura 3
figura 4
cipós na borda
Figuras 2, 3, 4 tiradas por Eduardo W.R., integrante da equipe.
Referências Bibliográficas:
Viana, V.M.; Pinheiro, L.A.F.V. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. SÉRIE TÉCNICA IPEF v. 12, n. 32, p. 25-42, dez. 1998
SILVA, A.M. Ecologia da Paisagem – Fundamentos e Aplicações. Rio de Janeiro, RJ: Papel Virtual Editora. 2004. 157p.
Trabalho 2: Relatório Final - Problema e Resolução
Resumo
Anteriormente, entramos no fragmento “mata da pedreira” e vimos que um dos principais problemas do fragmento era o efeito de borda, que é definido pelo “aumento da variedade e densidade das populações de algumas espécies na zona do ecótono (interface entre duas comunidades ou ecossistemas), em comparação com o que ocorre na zona central do ecossistema ou comunidade a que elas pertencem originalmente “(SILVA, 2004). O efeito de borda cria diferentes micro-climas na floresta, dificultando o crescimento e a regeneração de certas espécies, favorecendo a proliferação de espécies exóticas e invasoras, que competem com as nativas, e assim, diminui a área do fragmento.
A seguir, tentaremos citar possíveis ações para solucionar o problema e evitar que o fragmento diminua ainda mais. Lembrando que todas as ações precisam primeiro serem testadas com parcelas de testes e grupo de controle para certificar sua eficiência.
Introdução
Para regenerarmos a área necessitamos saber qual a vegetação que existia e existe, para isso utiliza-se o levantamento floristico do local e até mesmo de fragmentos próximos (ou de fragmentos semelhantes - no caso da ESALQ, semideciduos). Depois de saber quais as espécies que deveriam estar no local existem alguns modos para tentar restabelecer a vegetação como: steping stones (pontos de ligação), corredores de biodiversidade, zona tampão, dispersão de sementes e plantação de mudas.
Desenvolvimento
Pontos de ligação (Stepping Stones)
Uma das formas de aumentar a conectividade, ou seja, a permeabilidade das paisagens fragmentadas é por meio do adensamento dos Pontos de Ligação, que consistem em áreas reduzidas de habitat inseridas na matriz fazendo com que haja o aumento do fluxo gênico devido a manchas de espécies arbóreas. Tais manchas podem ter o uso otimizado com sistemas agroflorestais promovendo conservação ambiental ao mesmo tempo que geram renda aos proprietários da terra, ou até mesmo as comunidades que possam por ventura existir no local onde está o fragmento diminuindo a pressão sobre as matas remanescentes.
Além disso, existem algumas espécies de animais utilizam áreas muito reduzidas, outras até mesmo uma árvore isolada para orientar o seu movimento , por exemplo aves que usam pontos de ligação como poleiros ocasionando o favorecimento da dispersão de sementes regenerando fragmentos florestais. Quanto maiores forem os pontos de ligação permitirão condições mais favoráveis a germinação de sementes e conseqüentemente formação de ilhas de mata possibilitando a concretização de centros ou núcleos de regeneração.
Portanto os pontos de ligação promovem a proteção da biodiversidade e ajuda nos movimentos de animais.
No caso específico da Mata da Pedreira é interessante o uso dos Stepping Stones, pois auxiliam na criação de novos núcleos de regeneração na área degradada, devido a dispersão de novas sementes, propágulos vegetais pelos animais e assim contribuindo para a recuperação e revitalização da área em questão.
Zona Tampão
A zona tampão consiste em uma plantação de espécies arbóreas em torno do fragmento florestal, assim formando uma borda substituta que protege o fragmento contra a degradação de borda. É vantajosa, pois podem ser plantadas espécies resistentes às pragas existentes no local.
Como exemplos podem ser utilizados espécies do serrado resistentes ao fogo para assim ter mais resistência às queimadas, espécies de rápido crescimento para sombrear a área e assim impedir o crescimento de invasoras como o capim e as lianas.
Implantar uma zona tampão no fragmento “Mata da pedreira” é viável por não existirem planos de se ampliar tal fragmento.
Dispersão de mudas e sementes
A partir do levantamento florístico do fragmento que se deseja regenerar e de outros semelhantes, no caso da ESALQ, fragmentos semideciduais, tem-se uma idéia de quais espécies devem ser re-implantadas no local.
A dispersão contribui em diversas formas como:
O aumento da biodiversidade, caso sejam inseridas espécies já extintas no espaço do fragmento; Essencial para criação de corredores de biodiversidade e stepping-stones; Regeneração do fragmento propriamente dito, e sua facilitação com a utilização de mudas e não apenas sementes
Para regeneração do local, deve pensar em dois projetos distintos, afinal um fragmento degradado é muito heterogêneo em sua composição. Para áreas de clareira, deve-se colocar espécies primárias e algumas secundárias. Já em áreas de sombra, espécies climácicas.
Nucleação
Através da dispersão de mudas, também pode ser citada a nucleação, técnica que trabalha com poucas espécies e consiste em plantar pequenos, mas vários núcleos (cerca de 5 mudas) com certa distância entre eles, a fim de que quando estiverem em época fértil, esses possam trocar materiais genéticos e, com a ajuda dos dispersores naturais aumentar a população da espécie no fragmento. Essa técnica está sendo testada no campus Luiz de Queiroz.
Corredores de Biodiversidade
O corredor de biodiversidade é uma forma de recuperar e religar fragmentos florestais e com ele podemos tentar evitar a extinção de espécies e aumentar a biodiversidade.
Ele interliga áreas degradadas e fragmentadas de fragmentos florestais, serve para conservar o ambiente, o objetivo é ampliar a possibilidade de sobrevivência de todas as espécies e a mautenção de processos evolutivos, tentando deixar menos isoladas as áreas protegidas e ampliar a conectividade de ambientes nativos, onde poderá ocorrer o tráfego de espécies de animais e flora entre os fragmentos, aumentando a variabilidade genética e garantindo sua sobrevivência.
Interligando esses fragmentos talvez podemos evitar que eles sejam extintos ao longo do tempo, minimizando o problema que é o efeito de borda. Um fato interessante de se citar é a largura dos corredores, quanto menor a largura menos efetivo será, pois acontece como o efeito de borda nos fragmentos pequenos, ou seja, o corredor pode ser todo de efeito de borda, assim algumas espécies que necessitam de um micro-clima de centro de floresta e pela competição das invasoras não crescerá lá dentro, e os animais também, alguns necessitam de um micro-clima mais úmido e com sombra.
No caso da ESALQ, seria interessante interligar a “mata da pedreira” com a “mata do pisca”(Figura 1), mas existem dificuldades na implantação devido a diferentes interesses dos departamentos sobre a utilização do espaço no campus.
figura 1
Nessa foto, mostramos aonde seria essa interligação entre a “mata da pedreira” e a “mata do pisca”
Conclusão
Seria muito importante tentar algumas dessas medidas talvez em conjunto ou separadas, mas primeiramente é necessário testar cada uma sozinha com grupos de controles e pelo menos umas 10 parcelas de testes para saber se realmente é efetivo, por exemplo, para ser retirado cipós do fragmento seria necessário antes ver se eles são realmente perigosos para o fragmento, após estudos científicos mais profundos sobre essas ações citadas anteriormente, seria comprovado ou não suas eficiências e assim poderiamos começar a implantá-las para recuperar o fragmento.
Referências Bibliográficas
- Restauração ecológica de ecossistemas naturais / organizadores Paulo Kageyama …[et al.] Botucatu: FEPAF, 2003 xii, 340p.
- Reis, A. Manejo ambiental e restauração de áreas degradadas. 1 ed. São Paulo: Fundação Cargill, 2007